Tem coisas que não adianta a gente tentar inovar. Em certas áreas, as pessoas acham que não faz nem sentido o termo inovação. E ponto. O simples fato de se tentar discutir se vale a pena tentar algo novo naquela assunto faz com que as pessoas afastem os filhos pequenos de perto, com medo de ser contagioso. A última vez foi quando decidir modernizar a fábula da mentira.
Esta fábula todos conhecem tenho certeza. Diz respeito ao garotinho que vivia a pregar peças nos aldeões dizendo que havia incêndio na floresta perto da vila e depois se divertia vendo os homens carregando baldes e baldes de água no intuito de apagar o fogo fruto tão somente de seu boato. Mas num belo dia, no qual o menino testemunha de fato um incêndio e portanto seu texto se torna uma verdade, ninguém acreditou e a vila foi às cinzas.
Pois bem. Ao contar esta fábula para uma criança, não tenho certeza que ela entenda perfeitamente a moral da estória, pelos seguintes motivos: (i) ela nunca provavelmente viu um incêndio, talvez nem uma fogueira; (ii) talvez não entenda porque tem gente morando perto de florestas (para ela, floresta deve ser um lugar distante, onde as pessoas tem que andar horas de carro para chegar lá), (iii) talvez se pergunte o porquê de não terem ligado para o 193 chamando os bombeiros, ao invés de elas mesmos saírem carregando baldes e baldes de água. Enfim, temo que a falta de aderência da fábula a sua realidade possa prejudicar a completa assimilação do conteúdo. Entendo que do jeito que é contada esta fábula deve ter sido muito útil na Idade Média. mas será que ela atinge seu objetivo no mundo contemporâneo?
A minha proposta de versão, e aquela que acabei contando neste dia, foi sobre um carro mentiroso que cismava de ficar apitando o alarme anti-furto sem mais nem menos, no meio da noite, acordando toda a vizinhança. Quando as pessoas olhavam, não era nada -- só mais uma das peripécias do carro fanfarrão. Mas um dia, o ladrão veio e, enquanto todos ignoravam em suas casas aquela buzina "Pé! Pé! Pé!..." em bom e alto tom (mais alto do que bom), o sortudo do ladrão levou o carro.
Uma vantagem adicional na minha versão é que nela só o dono do carro mentiroso acabou se dando mal no final, o que é merecido por não ter poupado os tímpanos de seus vizinhos por tanto tempo. Sempre achei aquele final no qual todos os inocentes aldeões perdem seus casebres um tanto injusto. (Talvez o problema da versão feudal da fábula vá além de simplesmente não atingir sua mensagem em completude...)
Tocando neste assunto...
Enquanto escrevia este texto, recebo um e-mail sobre os novos relógios de certa marca que são resistente a 200m de profundidade.
Meu amigo fabricante, não daria para sair do modo "50m, 100m, 200m water resistant"? Faça um de resistente a 20cm, que está de muito bom tamanho para mim. E para muita, muita gente.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
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