sábado, 13 de outubro de 2012

O estranho caso do pote na geladeira

Hoje aconteceu mais uma vez.

Abri o freezer para pegar a lasanha pronta para o meu jantar, como havia feito no dia anterior. Não me orgulho disso, a propósito. O problema é que quando a minha mulher está viajando a trabalho, são os congelados que me salvam. O microondas, que já era conveniente para esquentar o leite dos filhos, se torna quase que essencial para a minha sobrevivência. Com efeito, excetuando-se o Miojo, acho que tudo mais que eu sei fazer depende dele.

Ao abrir a porta, novamente notei aquele pote misterioso que há meses se encontra debaixo do repositório de gelo. Devido a dificuldade do acesso a este lugar, normalmente colocamos ali somente o que não temos previsão de usar no curto-prazo. Mas já havia muito tempo que via aquele pote ali guardado, e a minha curiosidade de saber o que estava ali dentro começou a ser instigada.

Com muita dificuldade, abri uma fresta da tampa do pote. Mas estava tudo escuro lá dentro, não sendo possível enxergar. Retirei então o pacote de peito de frango e uns pacotes de nuggets do congelador, o que permitiu chegar o vasilhame mais para o lado para ver melhor o conteúdo. Ao abrir mais a tampa, percebi que havia algo preto lá dentro, em quantidade. Mas a tampa não abria o suficiente para identificar o conteúdo propriamente.

O que era aquilo? Feijão congelado?

Se fosse, já deveria estar estragado, por certo! Se há algo pior do que comida estragada na geladeira, é algo estragado no freezer! Retirei mais algumas caixas para tentar abrir mais a tampa e confirmar se aquilo era feijão mesmo. Ao abrir mais um pouco, percebi que aquilo não poderia ser feijão, pois estava aos pedaços e em formato de grandes conchas, como se fossem colheres gigantes de madeira. Ou seriam peças de artigos arqueológicos sendo preservadas?!

Nunca havia entrado algo assim na minha geladeira! O mistério então ficou ainda maior.

Soltei tudo o que estava na minha mão, e retirei finalmente tudo do freezer para ganhar acesso completo ao misterioso pote. Tirei o mesmo da geladeira e coloquei-o em cima da pia. Removi agora totalmente a tampa.

Eram ovos de chocolate!

Agora me lembro: ao abrirmos os montes de ovos que meus filhos ganharam na última Páscoa, deixamos um  par deles na geladeira e os demais escondemos neste pote, para evitar deixar a gurizada se intoxicar com chocolate. Nós então esquecemos do assunto, achando que as crianças não esqueceriam.

Caso encerrado. Como recompensa, sobremesa para meu jantar. 

Tocando neste assunto...

... de estórias misteriosas, eu adorava ler estórias do gênero na minha adolescência. E depois, desafiava meus amigos a desvendar o mistério proposto, refazendo os passos indutivos que os detetives hiper astutos dos livros seguiam! Mas um dia eu me surpreendi com a resposta certeira de um colega:

-- O veneno estava no bolo? -- respondeu meu amigo, verificando a hipótese dele de que o veneno que matara o protagonista da estória que eu acabara de contar estava no bolo que o personagem havia comido no dia anterior à sua morte.

-- Sim! Isso mesmo! Puxa, que perspicácia! Como chegou a esta conclusão?! Quero saber se foi do jeito que o detetive deduziu...

-- Bem, não foi nada difícil. Você chegou para mim logo de início e disse: "Ei, já te contei aquela estória sobre o mistério do veneno no bolo?" Depois de toda a estória, presumo que o veneno só possa estar no bolo! 

Sem querer, eu havia entregado o jogo.

Como me lembrei deste episódio? Bem, é que quando comecei a escrever esta postagem, entitulei a mesma de "O mistério dos Ovos de Chocolate". Felizmente, lembrei deste caso a tempo e vocês leitores não tiveram a mesma sorte que meu amigo. Como se saíram?


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