quarta-feira, 15 de maio de 2013

Fique com meu livro que tomou emprestado, é presente

Dias atrás fiquei chocado com a notícia de que um amigo que há muito não via faleceu por motivo de doença. Novo, antes dos quarenta. Deixou esposa e três filhos adolescentes. Isto do ponto de vista tangível. No campo dos intangíveis, deixou provavelmente muito mais: sonhos não realizados, planos inacabados, uma dor sem tamanho no coração dos entes queridos, uma saudade indescritível para esposa e filhos, quem vão ainda chorar muito tempo a ausência dele.

Não há palavras para lamentar o caso. Se há, eu as desconheço. Só desejo que a família se recupere logo e que a felicidade não se ofusque. Ele não iria querer isso.

Tocando neste assunto...

Hoje organizando a estante do escritório, deparei-me com um livro que tomei emprestado há (contando mentalmente agora quanto tempo faz, espanto:) doze anos e que nunca devolvi. Vergonha dupla. Não somente pelo ato em si, como pela impossibilidade de fazê-lo agora, pois o livro em questão era do meu amigo que nos deixou.

A vergonha foi imensa. Mas a sensação de vergonha gradualmente se transformou em algo bom: a constatação de quanto meu amigo foi generoso de deixá-lo comigo por tanto tempo. Se reclamou de mim por tal fato, o fez merecidamente. Se ele a partir de algum tempo assumiu que o empréstimo virou presente, quero compartilhar que o presente foi bem-vindo: de vez em quando agora, vou me lembrar da pessoa bem-humorada e disposta para a vida que ele foi ao passar o olho pela capa deste livro, procurando alguma coisa na estante do escritório.

Eu costumava a reclamar de quem pegava um livro meu emprestado e não devolvia. Nunca mais faço isso. Aliás, pelo contrário: se você tem um livro meu com você, pode ficar com ele.




O mundo era perfeito

Quando eu era criança, eu achava que o mundo era perfeito. Não que eu tivesse nascido em berço de ouro, muito pelo contrário. E nem que eu t...