domingo, 14 de agosto de 2011

Feliz Dia dos Pais!

O problema do feriado de Dia dos Pais é que ele cai sempre num domingo (por construção). Ele não poderia ter sido definido como a segunda quarta-feira do mês de agosto? Aposto que isto sim seria um presentão para os pais, que ralam a semana toda e teriam uma folguinha no meio da semana.

Tirando esta desvantagem, é um feriado super merecido. Ainda mais porque eu sou um pai. Em merecimento, a propósito, só perde para o Dia das Mães. Que meu pai me desculpe, mas isto é verdade. Na hora do vamos ver, de colocar a mão na fralda suja, de dar banho na banheira e tirar a mancha de Nescau da roupa, sobra sempre é para elas. Sem contar a amamentação, que desempata qualquer disputa acirrada. Seja como for, cada pai tem o importante papel, e às vezes desconhecido a ele próprio, de influenciar os caminhos dos filhos com seu exemplo, suas atitudes, e suas sugestões.

Quando eu era criança, meu pai chegou em casa do trabalho. Lembro de estar brincando de carrinho quando ele me abordou. Ele havia trazido uma pasta para mim. Era uma pasta de couro, elegante, de capa dura, onde dentro havia um espaço para se guardar folhas (com algumas dentro) e uma tabela de horários de aulas.

-- Esta pasta ganhei de um engenheiro lá da firma. Trouxe ela para você...

-- Oba! -- exclamei, já esticando o braço para alcançá-la.

-- Não, não vai ficar com você. Vou guardá-la e, quando crescer e for para a faculdade, lhe entrego.

Falou como se fosse coisa séria, apesar dos meus seis anos. Vi quando ele a guardou em seu guarda-roupa, debaixo da pilha com calças sociais, num dos cantos da parte de baixo do guarda-roupa.

O tempo passava e, quando eu tinha que abrir o guarda-roupa dele por algum motivo e via aquela pasta debaixo das calças, eu lembrava do que ele havia me falado. 

Ele nunca mais precisou voltar a este assunto, nem insistir para que eu estudasse, ou me pressionar para que eu fosse admitido em uma universidade pública. Como de fato, nunca o fez. Aquela semente plantada numa situação cotidiana brotou em mim a vontade de tudo isso. Quando eu terminei a apresentação de defesa da minha tese de doutorado, juro que me lembrei daquela pasta. E me perguntei se ela ainda estaria debaixo das calças dele na parte de baixo do guarda-roupa pois, até hoje, ele ainda não me entregou!

Tocando neste assunto...

Coloquei esta pequena estória da pasta na seção de agradecimentos de minha tese. Quando ela finalmente ficou encadernada, meu pai, quando teve a oportunidade, deu uma folheada. E a leu.

-- Puxa! Você ainda se lembra da estória da pasta! -- disse ele, com a voz embargada.

-- Sim, pai! - respondi. Obrigado!

Feliz Dia dos Pais!


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Quando eu era criança, eu achava que o mundo era perfeito. Não que eu tivesse nascido em berço de ouro, muito pelo contrário. E nem que eu t...