domingo, 16 de fevereiro de 2014

Brincadeiras de infância


Meus filhos vivem em cidade grande. Como uma grande parte da população, vivem em apartamento. Normalmente, portanto, brincam no playground. Brincar na rua é impossível dado o movimento e jamais deve ter passado pela cabeça deles que isto é uma opção. Mas o que eles não sabem é que toda vez que os vejo brincando, fico entristecido de não poder dar a eles a oportunidade que eu tive de brincar na rua. Que divertido era!

Claro, estou falando de uma rua tranquila, arborizada, que quase não se passava carros e, quando passava, eram dos próprios moradores. Brincávamos de pique-X (onde X aqui é um variável que assume praticamente qualquer substantivo, como por exemplo, bandeira, pega, pega-três-vezes, ladrão, cola, garrafão, etc.), desenhávamos no chão com fragmentos de tijolos das casas vizinhas em construção, trepávamos em árvores, acendíamos fogueira para esquentar batata-doce a noite, pintávamos as ruas em época de Copa do Mundo, andávamos de bicicleta em volta do quarteirão, e muitas outras brincadeiras que nem sei se existem mais. Particionávamos os nossos amigos forasteiros como aqueles da "rua de cima" ou  da "rua de baixo". Jogávamos bolas de gude. Ficávamos até tarde conversando em rodinha na rua. Íamos para escola em comboio de alunos, onde o que morava mais longe ia peregrinando de casa em casa, num itinerário firmado entre as próprias crianças. E tem muito mais coisas que estou esquecendo agora de contar.

Tocando neste assunto...

Será que meu pai pensava o mesmo em relação a mim e à roça onde ele nasceu? "Rua é inseguro, passa carro, lugar bom mesmo é na roça, lugar que se anda sem preocupação!", deveria ele pensar, por exemplo, sem nunca ter me dito. "Pena que hoje preciso trabalhar numa indústria para ter uma condição melhor e isto me obriga a morar numa casa na cidade.". Indo mais além, será que o tataravô do meu avó também pensava: "Puxa, meu filho crescendo nos burgos... lugar aberto, sem segurança, gente de tudo quanto é lugar.... bom mesmo era no Feudo, com aquelas muralhas em volta, com proteção do Monarca, só uma ponte de entrada e saída, segurança total....". Enfim, acho que isto faz parte de toda geração.

Filhos: pelo sim pelo não, qualquer dia a gente brinca de pique-pega na Rio Branco ou na Presidente Vargas. Vocês vão ver, muito maneiro.


O mundo era perfeito

Quando eu era criança, eu achava que o mundo era perfeito. Não que eu tivesse nascido em berço de ouro, muito pelo contrário. E nem que eu t...