Por falar em livro técnico, estava folheando o livro "Fundamentals of Database Systems" (Elmasri/Navathe) e me deparei com a seguinte dedicatória (traduzida) de Elmasri:
Para Katrina, Thomas e Dora (e também para Vicky).
Achei muito peculiar a posição de Vicky em relação à Katrina, Thomas e Dora. Eu, por exemplo, interpretei a dedicatória assim:
Para Katrina, Thomas e Dora. (Ah, e também para Vicky! Ufa, quase me esqueci.)
Não vejo muita explicação razoável para o autor ter separado Vicky assim, tão explicitamente. Se ele gostaria de dedicar o livro a ele, por que minimizar sua importância desta maneira? Bem, vejo sim uma situação possível. O Vicky pode ser um animal de estimação e o autor não gostaria de elevá-lo à mesma categoria dos demais. Neste caso, eu não gostaria de estar na pele daqueles entes e amigos íntimos do autor que não entraram na dedicatória.
Tocando neste assunto...
Afinal de contas: qual o critério para se aparecer ou não numa dedicatória? Seria citar aqueles que mais contribuíram para a realização do trabalho? Aqueles a quem se ama? Aqueles com nome curto?! Sim, pois os espaços para dedicatórias são sempre pequenos e cada nome ali tem que ser cuidadosamente planejado. É quase como decidir comprar um novo móvel para os apartamentos (leia-se: a-per-ta-men-tos) de hoje em dia, onde cada centímetro quadrado faz a diferença entre ter ou não uma mesa de centro. Ou ainda em escolher os convidados para a festa de casamento, com os preços abusivos dos cerimoniais, que cobram por pessoa, incluindo as namoradas dos filhos daquela tia que mora longe, que há muito você não vê, mas tem obrigação de chamar. Esta decisão consciente na nomeação da dedicatória agrava ainda mais a situação, pois quem fica de fora tem razão de sobra de ficar chateado.
Defendo que, além das dedicatórias, devesse existir a seção de Difamatórias. "Ao meu antigo chefe, que dizia ter sido um erro eu largar aquele emprego para me graduar.", seria uma boa. Ou quem sabe "Ao meu chefe, por ter me feito trabalhar duro, incluindo finais de semana e feriados, de maneira que eu fui forçado a me especializar em banco de dados a ponto de escrever este livro". Pensando bem, já sei por que difamatórias não existem. A indiferença dói mais do que o ódio declarado.
No meu caso, nunca tive que escrever muita coisa que abriam a possibilidade de dedicatória além das minhas teses e monografias. Mesmo assim, quis o destino que a minha filha esteja incluída em uma dedicatória a mais do que meu filho por ter nascido antes. Tenho certeza que isso me trará confusão um dia, numa discussão destas qualquer de porquê eu deixo ela fazer algo que ele não pode. Para amenizar este problema, gostaria de dedicar esta postagem a você, meu filho!