Quando eu ainda contava a minha idade usando somente os dedos das mãos (atualmente, nem usando-se também os dedos dos pés isto é possível) era certo a criançada verificar os palitos de picolés para saber se foram contempladas com outro grátis. Para ser mais preciso, a verificação era durante o consumo: a cada milímetro descoberto do palito por uma mordida, procurava-se algum sinal de que havia algo escrito no palito. Naquela época, não havia a inscrição "MADEIRA DE REFLORESTAMENTO" no palito, de modo que se uma perninha de uma letra aparecia durante a remoção de mais um pedaço, era como se estivéssemos numa partida de futebol onde a bola está indo em direação a um gol cujo goleiro já tenha sido driblado. Era só uma questão de tempo para a comemoração.
A cada verão, esta estória me volta à lembrança. Nesta época, volto a comprar picolés de forma mais regular e, de forma quase automática, me pego verificando o palito. Na verdade, me pego pensando "Será que vou ganhar outro?" ainda no caixa, enquanto espero receber o troco, com o picolé ainda fechado. Acho que isto se deve ao fato de que eu sempre quis ter o prazer de ganhar outro -- o que nunca me aconteceu. Cheguei a pensar que esta estória de que palitos de picolés traziam cortesias não passava de uma lenda para promover o aumento das vendas. Mas como isto seria possível, se a única pessoa no mundo que devia pensar nisto antes de comprar -- e portanto havendo a possibilidade desta informação exercer alguma influência no aumento das vendas -- era eu?
Na última terça-feira, depois de tomar um picolé em mais um dia escaldande de verão da cidade do Rio de Janeiro, resolvi que devia escrever sobre o assunto. Estava já com a postagem quase pronta, quando ontem no final de tarde, um fato inusitado aconteceu. Quero que vejam com os seus próprios olhos :
A foto está desfocada, eu sei. Devido à ansiedade, nem pensei em me certificar sobre a sua qualidade antes de voltar lá para trocar por outro. Aí vai, portanto, a legenda: "VALE 1 PICOLÉ LAFRUTTA UVA, LIMÃO OU ABACAXI". Vinte anos depois, missão cumprida.
Tocando neste assunto...
Na verdade, eu deveria era não ter me valido do prêmio e ter ficado com o palito como troféu. Mas a minha mulher ia reclamar que daria formiga em casa. Enfim, acho que no fim a decisão foi acertada. Próximo objetivo: brindes nas tampinhas de refrigerante!
sábado, 26 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Teoria evolucionista da Distração
A teoria evolucionista de Charles Darwin apresenta, sob diversos aspectos, alguns pontos duvidosos. Por isso, existem muitos renomados cientistas que se vêem obrigados a aceitá-la por pura falta de explicação que os agradem mais. Neste sentido, lanço a minha própria teoria evolucionista: a Teoria da Distração.
Em muitos aspectos, principalmente nos detalhes, ela é similar a teoria da seleção natural. No entanto, ela afirma algo mais forte: que os seres considerados menos aptos na teoria da seleção natural são, em verdade, apenas mais distraídos. Por distração, entende-se a característica de julgar o perigo de uma situação aquém daquele real. A minha prova mais contudente desta teoria é a compilação, recém divulgada, das frases registradas com maior frequência por pessoas momentos antes de morrerem. Vejam elas:
1. Corte o fio vermelho, eu tenho certeza!
2. Pode subir que agüenta mais um…
3. O que acontece se eu apertar este botão?
4. Vou acender um fósforo…
5. Deixa comigo…
6. Você não é homem para fazer isso!
7. Ahhh! O que não mata, engorda!
8. Buraco? Que buraco?
9. Vai que dá!
10. Por aí não, por aqui é bem mais rápido…
11. Ou vai ou racha!
12. Não vem vindo carro não, podemos ir…
13. Eu sei o que estou fazendo!
... conforme queríamos demonstrar.
Tocando neste assunto...
Adepto desta teoria, fiquei preocupado no início de janeiro. Comecei a perceber uma caixa no chão da sala. Toda hora que eu passava pela sala, reparava aquela caixa. Afinal, o que seria ela? Resolvi abrir: vazia. Isto me deixou mais intrigado. Resolvi investigar:
-- Amor, o que aquela caixa vazia está fazendo há vários dias na sala?
Ela parou o que estava fazendo para se virar para mim, com cara de assustada.
-- Me diga que você percebeu ela durante dezembro, por favor!...
Sinceridade ou futuro livre de problemas? Prefiri o caminho da sinceridade. (Mais importante do que o princípio em si, foi o meu desejo de satisfazer a minha curiosidade sobre a aquela caixa misteriosa!)
-- Ela estava ali mesmo?
-- Sim!!
-- Eu não vi... o que tinha dentro dela??
-- Não era dentro, era em cima: a árvore de Natal que montei em novembro e desmontei estes dias!!
Amor, a árvore eu havia percebido. Ficou linda! Meu problema foi com a caixa.
Em muitos aspectos, principalmente nos detalhes, ela é similar a teoria da seleção natural. No entanto, ela afirma algo mais forte: que os seres considerados menos aptos na teoria da seleção natural são, em verdade, apenas mais distraídos. Por distração, entende-se a característica de julgar o perigo de uma situação aquém daquele real. A minha prova mais contudente desta teoria é a compilação, recém divulgada, das frases registradas com maior frequência por pessoas momentos antes de morrerem. Vejam elas:
1. Corte o fio vermelho, eu tenho certeza!
2. Pode subir que agüenta mais um…
3. O que acontece se eu apertar este botão?
4. Vou acender um fósforo…
5. Deixa comigo…
6. Você não é homem para fazer isso!
7. Ahhh! O que não mata, engorda!
8. Buraco? Que buraco?
9. Vai que dá!
10. Por aí não, por aqui é bem mais rápido…
11. Ou vai ou racha!
12. Não vem vindo carro não, podemos ir…
13. Eu sei o que estou fazendo!
... conforme queríamos demonstrar.
Tocando neste assunto...
Adepto desta teoria, fiquei preocupado no início de janeiro. Comecei a perceber uma caixa no chão da sala. Toda hora que eu passava pela sala, reparava aquela caixa. Afinal, o que seria ela? Resolvi abrir: vazia. Isto me deixou mais intrigado. Resolvi investigar:
-- Amor, o que aquela caixa vazia está fazendo há vários dias na sala?
Ela parou o que estava fazendo para se virar para mim, com cara de assustada.
-- Me diga que você percebeu ela durante dezembro, por favor!...
Sinceridade ou futuro livre de problemas? Prefiri o caminho da sinceridade. (Mais importante do que o princípio em si, foi o meu desejo de satisfazer a minha curiosidade sobre a aquela caixa misteriosa!)
-- Ela estava ali mesmo?
-- Sim!!
-- Eu não vi... o que tinha dentro dela??
-- Não era dentro, era em cima: a árvore de Natal que montei em novembro e desmontei estes dias!!
Amor, a árvore eu havia percebido. Ficou linda! Meu problema foi com a caixa.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
NASA divulga imagens "inéditas" do Sol
Esta semana a NASA divulgou imagens inéditas de um dos mais importantes astros. Antes que comecem a pensar que se trata de atores de Hollywood sendo flagrados por potentes câmeras de satélites, estou me referindo ao nosso companheiro Sol. Vejam só:
Juro que esta foto divulgada estava no meu livro de Ciências da quinta-série. Claro que esta agora é 3D, mais tecnológica... Em resumo: gastou-se milhões de dólares para se chegar à conclusão de que o Sol é mesmo redondo e amarelo.
Será possível que só eu achei estranho?! Resolvi perguntar a minha filha de três anos:
-- Filha, qual a cor do sol?
-- Amarelo.
-- Ele é quadrado?
-- Não, papai!... é redondo!
Será que ninguém na NASA tem uma filha em casa?!
Tocando neste assunto...
Como sabem, existem muitas teorias conspiratórias que sugerem que a chegada do homem à Lua foi uma farsa. Estas estórias fazem o maior sucesso. Tentando embarcar nesta, levanto suspeitas que questionam a autenticidade desta foto:
1) Repararam que nesta foto a superfície solar apresenta pequenos brilhos, como se o sol tivesse sido "lustrado"? Pois bem, o brilho é oriundo de uma reflexão de uma fonte de luz contra um corpo, no caso, do Sol. Mas, se assim for, quem está emitindo a luz que reflete no Sol? Seria o flash da câmera de um fotógrafo em seu estúdio?!
2) Notem o fundo da foto. É preto. Ou seja, a foto foi tirada à noite. Como pode haver Sol à noite?
3) Fixem o olhar no centro do Sol. Para isso, cheguem os olhos bem perto do monitor. Esperem dois minutos. O que vocês viram, a partir daquelas manchas (aparentemente) sem formas definidas? Depois de um tempo, notarão claramente que, bem diante de vocês, formará a frase "MADE IN CHINA".
Juro que esta foto divulgada estava no meu livro de Ciências da quinta-série. Claro que esta agora é 3D, mais tecnológica... Em resumo: gastou-se milhões de dólares para se chegar à conclusão de que o Sol é mesmo redondo e amarelo.
Será possível que só eu achei estranho?! Resolvi perguntar a minha filha de três anos:
-- Filha, qual a cor do sol?
-- Amarelo.
-- Ele é quadrado?
-- Não, papai!... é redondo!
Será que ninguém na NASA tem uma filha em casa?!
Tocando neste assunto...
Como sabem, existem muitas teorias conspiratórias que sugerem que a chegada do homem à Lua foi uma farsa. Estas estórias fazem o maior sucesso. Tentando embarcar nesta, levanto suspeitas que questionam a autenticidade desta foto:
1) Repararam que nesta foto a superfície solar apresenta pequenos brilhos, como se o sol tivesse sido "lustrado"? Pois bem, o brilho é oriundo de uma reflexão de uma fonte de luz contra um corpo, no caso, do Sol. Mas, se assim for, quem está emitindo a luz que reflete no Sol? Seria o flash da câmera de um fotógrafo em seu estúdio?!
2) Notem o fundo da foto. É preto. Ou seja, a foto foi tirada à noite. Como pode haver Sol à noite?
3) Fixem o olhar no centro do Sol. Para isso, cheguem os olhos bem perto do monitor. Esperem dois minutos. O que vocês viram, a partir daquelas manchas (aparentemente) sem formas definidas? Depois de um tempo, notarão claramente que, bem diante de vocês, formará a frase "MADE IN CHINA".
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Assinatura da carteira de identidade
Quando estava à beira dos dezoito anos, a maioridade foi algo muito esperado! Pensando agora, não consigo justificar exatamente o porquê. Tirar a carteira de motorista pode ser considerado um bom motivo, sem dúvidas. Mas este benefício, em si, não se sustenta, dado que eu não tinha carro naquela época e estava longe disso. Todos os motivos que me vêm a cabeça eram desproporcionalmente menores em relação ao meu desejo de chegar logo na maioridade. No fundo, acho que não passava de uma sensação de que a liberdade completa estava chegando -- muito embora, paradoxalmente, é justamente na maioridade que alguém pode ser preso.
De repente, então, me dei conta de algo: eu não tinha preparado ainda uma assinatura. Assinatura que nada, tinha até um nome pomposo: uma rubrica! Não podia ser qualquer uma. A candidata tinha que me tornar imponente (atenção à leitura desta palavra -- eu mesmo levei um susto durante a revisão do texto). Deveria ser cheia de contornos, que iam muito acima e muito abaixo da linha que demarcava o local da rubrica. Tinha que resumir o nome de maneira elegante, como um logo pessoal. Em resumo, deveria ser digna de ser colocada num contrato de suma importância! Não que eu tivesse algo deste porte para assinar -- quando muito, assinava a folha de presença na escola. Naturalmente, eu me preocupava na verdade com a conseqüência da escolha a longo-prazo. Como alguém pode assinar um documento que muda o curso da humanidade simplesmente com o nome por extenso em letra cursiva? Impossível. Seria como um comandante do BOPE que tem voz fina: não combina.
Levei semanas rabiscando as últimas páginas do caderno. Nada dava certo. Quando ficava boa, eu não conseguia reproduzir. Quando conseguia, ainda tinha que melhorar um bocado para chegar a ser boa. Se ainda houvesse Internet fácil naquele tempo, eu poderia tentar buscar "+rubrica +sensacional +exemplos" no Google Imagens.
Resultado: acabei fazendo uma assinatura na carteira de identidade que mais parece uma pichação. Tenho vergonha de mostrá-la a quem quer que seja. Certa vez, dei graças por ter perdido a identidade, pois assim teria que providenciar a segunda via. Infelizmente, acharam e me devolveram. Sei que devem estar pensando: "Ué, e por quê você não joga fora esta e tira a segunda via?". A resposta é simples: até hoje rabisco as últimas folhas dos meus cadernos -- ainda sem resultados.
Tocando neste assunto...
Estes dias, mais uma vez, passei constrangimento com a bendita. Não precisei assinar nenhum documento que mudará a história da humanidade (exceto se, por humanidade, entende-se somente eu mesmo). Precisei asssinar um documento importante referente a minha defesa de tese que está por acontecer. O auxiliar administrativo disse:
-- Por favor, faça a assinatura igual a da identidade.
Puxa vida, eu não poderia perpetuar este erro mais! Tomei uma atitude: retirei a minha identidade da carteira e mostrei para o camarada:
-- Tudo bem! Fazer igual esta aqui?
Ele olhou, pensou, e disse:
-- Pode ser por extenso mesmo. Com esta aí, podem pensar que a coisa não é séria.
Salvo pelo bom senso.
De repente, então, me dei conta de algo: eu não tinha preparado ainda uma assinatura. Assinatura que nada, tinha até um nome pomposo: uma rubrica! Não podia ser qualquer uma. A candidata tinha que me tornar imponente (atenção à leitura desta palavra -- eu mesmo levei um susto durante a revisão do texto). Deveria ser cheia de contornos, que iam muito acima e muito abaixo da linha que demarcava o local da rubrica. Tinha que resumir o nome de maneira elegante, como um logo pessoal. Em resumo, deveria ser digna de ser colocada num contrato de suma importância! Não que eu tivesse algo deste porte para assinar -- quando muito, assinava a folha de presença na escola. Naturalmente, eu me preocupava na verdade com a conseqüência da escolha a longo-prazo. Como alguém pode assinar um documento que muda o curso da humanidade simplesmente com o nome por extenso em letra cursiva? Impossível. Seria como um comandante do BOPE que tem voz fina: não combina.
Levei semanas rabiscando as últimas páginas do caderno. Nada dava certo. Quando ficava boa, eu não conseguia reproduzir. Quando conseguia, ainda tinha que melhorar um bocado para chegar a ser boa. Se ainda houvesse Internet fácil naquele tempo, eu poderia tentar buscar "+rubrica +sensacional +exemplos" no Google Imagens.
Resultado: acabei fazendo uma assinatura na carteira de identidade que mais parece uma pichação. Tenho vergonha de mostrá-la a quem quer que seja. Certa vez, dei graças por ter perdido a identidade, pois assim teria que providenciar a segunda via. Infelizmente, acharam e me devolveram. Sei que devem estar pensando: "Ué, e por quê você não joga fora esta e tira a segunda via?". A resposta é simples: até hoje rabisco as últimas folhas dos meus cadernos -- ainda sem resultados.
Tocando neste assunto...
Estes dias, mais uma vez, passei constrangimento com a bendita. Não precisei assinar nenhum documento que mudará a história da humanidade (exceto se, por humanidade, entende-se somente eu mesmo). Precisei asssinar um documento importante referente a minha defesa de tese que está por acontecer. O auxiliar administrativo disse:
-- Por favor, faça a assinatura igual a da identidade.
Puxa vida, eu não poderia perpetuar este erro mais! Tomei uma atitude: retirei a minha identidade da carteira e mostrei para o camarada:
-- Tudo bem! Fazer igual esta aqui?
Ele olhou, pensou, e disse:
-- Pode ser por extenso mesmo. Com esta aí, podem pensar que a coisa não é séria.
Salvo pelo bom senso.
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