-- Sabe qual é a maior torcida de futebol do mundo? O Botafogo.
-- Sério, como assim?
-- É comprovado: toda casa tem um fogão.
Foi por ter contado esta ingênua piada que fui chamado de maluco. O pessoal do trabalho a achou horrível, sem graça nenhuma. Até agora, confesso que ainda vejo um charme na anedota.
Depois de muitas risadas e gozações sobre a natureza da minha pseudo-piada (pseudo na opinião deles, é claro), houve um breve silêncio. Todos pararam de rir e começaram a refletir sei lá com o que. Em seguida, alguém disse em tom sério:
-- Olha, falando em maluquice, eu estava andando meio preocupado. De vez em quando, eu ia para cozinha beber água, tirava o copo do armário, enchia de água, e quando percebia estava eu já na sala, mas sem o copo e sem lembrar se eu havia de fato tomado água. Ao voltar à cozinha, descobria que eu tinha era guardado o copo dentro do armário, cheio de água. Graças a Deus, faz três dias que isto não acontece...
Depois de umas risadas, desta vez em menor grau, alguém complementou:
-- E eu? Toda vez que passava por uma cancela de veículos -- no estacionamento de supermercados, shopping centers, rotativos, etc. -- tentava usar o controle remoto da minha garagem para abri-la. Só depois de tentar várias vezes e começar a ficar irritado por ela não levantar, percebia a confusão.
As risadas escandalosas foram substituídas por leves sorrisos. Em tom de desabafo, outro tomou a palavra:
-- Estes dias, estava digitando o meu andar no elevador, quando alguém do lado me perguntou: "Por que você está digitando tantos números?". Neste momento, percebi que estava digitando no painel numérico do elevador, na verdade, a minha senha do banco.
As risadas sumiram. Os outros, um após um, contaram seus casos de devaneios. No final, voltamos todos a trabalhar. No lugar de gozações, restaram receios. Sob esta perspectiva, achar graça na piada do Botafogo pode até ser classificado como um ato genial, não? (Guardem seus comentários.)
Tocando neste assunto...
Na verdade, houve uma pessoa que não contou nenhum caso pessoal. Ao invés, ainda soltou um comentário "Vocês são todos loucos!..." baixinho antes de voltar ao trabalho. Por acaso, cinco minutos depois, procurei este tal colega para conversarmos sobre um problema. Ao chegar na sua mesa, o encontrei com headphones, dançando da cintura para cima, sentado na cadeira, enquanto digitava ao computador. Só espero que ele estava dançando no ritmo da música que estava escutando, e não naquele de uma outra música, nem muito menos fazendo movimentos aleatórios. Caso contrário, o buraco no caso dele seria muito mais embaixo.
O mundo era perfeito
Quando eu era criança, eu achava que o mundo era perfeito. Não que eu tivesse nascido em berço de ouro, muito pelo contrário. E nem que eu t...
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