terça-feira, 19 de abril de 2011

Nem tudo o que reluz é ouro. Mas faz toda a diferença.

Há um tempo atrás, em outra postagem, relatei um curioso fato. As pessoas costumam achar, ao menos inconscientemente, que aqueles falando ao celular estão mais ocupados do que aqueles ao telefone fixo. Se assim não fosse, não perguntaríamos "Está podendo falar?" a alguém que nos atende ao celular -- pergunta esta que nunca fazemos quando ligamos a um telefone fixo (exceto se a voz do outro lado sinalizar que as cordas vocais do nosso interlocutor estão nas últimas).

De fato, julgamos as pessoas por pequenos detalhes, que atuam como uma espécie de mensagem subliminar que distorce a realidade. Explorando-se tal característica do comportamento humano, é possível conceber boas estratégias para aumentar a percepção de importância que alguém possui no meio social. Em particular, que nós possuímos.

Façam uma imagem mental de um colega de trabalho. Alguém que não conheçam muito bem. Pode ser aquele cara do andar de cima, com quem vira e mexe esbarramos no café ou no elevador. Pois bem: imaginem tal colega andando pelos corredores, falando alto ao celular e examinando várias folhas de papel na mão, cheias de gráficos de barras, enquanto se dirige apressado a algum lugar (uma reunião, talvez?). Respondam rápido: em uma escala de 1 a 10, quão importante é este seu colega para a empresa? Lembrem-se desta resposta antes de sair novamente da sua mesa para ir ao banheiro sem nada nas mãos e andando como se a vida já estivesse ganha. Agindo conforme o comportamento imaginado do colega, além da imagem positiva que é transmitida, o papel na mão e o andar apressado são em si úteis na atividade de ir ao banheiro.

Um dilema com o qual me deparei recentemente foi a definição do meu status no comunicador (nome corporativo para a aplicação de bate-papo; olha aí mais um exemplo de como um nome modifica todo o sentido). Se deixasse "Livre", isto pareceria sinônimo de "Sem nada útil para fazer". Se fosse "Ocupado", daria a entender que sou incompetente para trabalhar ao mesmo tempo que respondo uma simples mensagem. Portanto, o melhor status que consegui foi "Muito ocupado, mas isto não me impede de tratar de outro assunto". [Um praticante avançado deste tipo de marketing pessoal logo perceberia que o próximo passo natural é dizer ao chefe, quando este o procurar no momento em que se fala com a mãe por telefone, que está ocupado devido a um conference call com a "matriz", mas que ele pode lhe enviar uma mensagem em alguns minutos pelo comunicador...]

Tocando neste assunto...

Eu tenho inúmeros outros exemplos nos quais parecer é mais importante do que ser. Infelizmente, não poderei descrevê-los todos aqui, pois tenho outros compromissos agora. Para aqueles que são meus amigos pessoais, aviso que não adiantará me ligar no meu telefone fixo. Por nunca ter tempo de atendê-lo, terminei por desativá-lo. O celular é uma opção, mas provavelmente terão que deixar um correio de voz -- os quais sempre retorno em menos de dez minutos, entre uma atividade e outra. Garantido.

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Quando eu era criança, eu achava que o mundo era perfeito. Não que eu tivesse nascido em berço de ouro, muito pelo contrário. E nem que eu t...