Hoje eu ia escrever uma postagem sobre algo legal. Juro. Coloquei o computador na varanda para sentir um pouco do ar livre e facilitar a inspiração vir. A minha varanda não é de frente para o mar, como seria o ideal. Mas como o escritor também não é profissional, ela está de bom tamanho.
O problema foi que a minha mulher decidiu chegar mais perto, para ver o que eu estava fazendo. Ela não pode me ver no computador navegando, que acha que estou à toa. (Neste caso, até que ela tinha razão, dado que blog não é nenhuma obrigação minha... mas eu levo a sério, portanto, me dou o direito de me achar certo.) Em seguida, ela sempre arruma alguma coisa para eu fazer.
Depois de virar o galão novo de água, guardar as malas no armário, guardar o edredom na parte de cima do guarda-roupas (isto realmente eu estava enrolando; o calor já chegou há um tempão e eu ainda não tinha guardado o edredom) e abrir o vidro de azeitonas (esta foi a única tarefa que não reclamo; fiz com dedicação especial, dado que o último vidro eu não consegui abrir -- precisava recuperar a honra), ela se lembrou de algo:
-- Ah, sabe aquele blog que te falei que encontrei, que é muito parecido com o seu? Deixa eu te mostrar...
-- Peraí, deixa eu só...
-- Não é rápido, quero te mostrar uma postagem superengraçada que vi hoje...
Foi navegação para cá, navegação para lá, cliques de links, buscas no Google, e nada de ela achar. "Está por aqui, eu não vou demorar a achar, vou liberar o computador logo! Só mais um minuto..." ela repetia.
Como não tinha negociação, fui na cozinha pegar um sorvete, para esperar. Quando voltei, ela estava irritada porque ainda não tinha achado. Como conseqüência (ambora ela se recusou a admitir), começou a interpretar o meu sorvete como descaso do esforço que ela estava tendo em achar algo que, no fim, me interessava. Depois de algum tempo tentando convencê-la de que era só para aproveitar melhor o tempo de espera, ela desistiu da busca, ainda mais porque eu estava balançando a perna (esta última, juro que não entendi). Ainda bem que ela não saiu dali e foi também buscar sorvete, ou ela descobriria que eu havia tomado tudo. Aí sim a coisa ia ficar realmente feia.
Sentei, enfim, ao computador novamente. Depois de algum tempo, volta ela..
-- Ahhh, deixa eu te contar como era a postagem então.
Ai ela contou. Parecia ser realmente um bom texto. No meio do texto, o autor brincava com o fato de ele ter poucos pares de meias.
-- Por que você não escreve algo sobre o porquê de você ter tantos?
Quem sabe? Era uma ideia! Ela continuou:
-- Eu até estava falando com Fulana hoje no trabalho que você usava uma palavra engraçada para justificar o porquê de tanta meia.... você gosta de ter "algo".... qual a expressão que você usa mesmo?
-- Hmmm... meias sempre disponíveis?
-- Nâo! É algo diferente....
Não era coleção, nem estoque, nem suficiência, nem arsenal... não descobria a palavra que ela queria que eu lembrasse! Tinha que ser aquela!.... Isto já foi considerado também como um sinal de que eu não estava dando bola para o assunto. Procurei o dicionário de sinônimos que eu tinha, para ver se eu salvava a pátria! Mas não ajudou. Ela foi dormir, desconsolada.
Mais uma vez, voltei ao computador. Desta vez, achei que era melhor deixar para outro dia escrever "a" postagem. Escrevi esta no lugar, justificando.
É isso aí. Fico devendo.
Tocando neste assunto...
... Autonomia! Autonomia era a palavra! Ela ficou super feliz de ter lembrado. Supostamente isto é indício de que eu estava dando atenção. Vá entender as mulheres...
O blog de que ela falava é realmente muito bom, muito engraçado! Dado que fiquei devendo, segue pelo menos a indicação: Crônicas e outras milongas, de Antônio Prata.
O mundo era perfeito
Quando eu era criança, eu achava que o mundo era perfeito. Não que eu tivesse nascido em berço de ouro, muito pelo contrário. E nem que eu t...
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